"é o suco dessa iguaria, suco da barbatana de uma língua que cruzou os mares" - pois é caro Horacio Costa, mas aqui não é o Saramago...

terça-feira, 6 de março de 2007

O Tempo em que Vivemos

Há alguns dias falava com uma amiga sobre a relação entre as novelas e a pedagogia. Pode parecer tolice, mas se virmos bem as coisas, tem uma ligação interessante e que dá sem dúvida origem a uma boa conversa.

(Atenção à jovem, em primeiro plano, do lado direito. Não não é por esses motivos, é que ela é mesmo má como as cobras)

Alertava-me essa amiga para a mensagem que as novelas brasileiras transmitiam, ao relatarem acontecimentos similares aos passados na vida real. Falava-me da novela “Páginas de Vida” e de todos os problemas das suas personagens e como era importante existirem aqueles relatos, pois alertavam para alguns dos problemas da sociedade e transmitiam força às pessoas que anonimamente passam por elas. Eu ouvia, é verdade que nunca liguei muito a novelas, muito menos a brasileiras, confessando que nos últimos tempos, tinha andado a seguir o “Tempo de Viver” (pronto pessoal, eu sei que é mau, mas é só para fazer tempo antes de ir para a cama).

Após muitos apelos desta minha amiga para dar uma oportunidade à dita novela brasileira e assistir a um episódio, (ah assustei-vos, estavam a pensar que ia dizer que tinha assistido..), qual foi a minha surpresa, num dia destes a fazer um habitual zapping, surgiu um senhor no ecrã falando da sua experiência de vida e sobre o acidente que lhe tinha acontecido.
Com este discurso, não defendo as telenovelas, acredito que possam existir alguns casos em que as novelas possam ajudar ou alertar o público que assiste para alguns casos importantes.

Mas como sabemos, esses alertas são sempre feitos de uma forma absurda, exagerada e fora do contexto real. Mas não é devido ao carácter pedagógico ou não que as telenovelas tem mais ou menos audiências, aliás esse deve ser o ponto que menos interesse tem para as pessoas que assistem.
Sobre este assunto deixo-vos um vídeo muito bom. Sei que é longo, mas vale apena.
By Dona Barbatana




http://www.youtube.com/watch?v=_Wud5vSIQ0I





4 comentários:

Anónimo disse...

Este Dona Barbatana não é fanático pela Disney mas é pelas novelas portuguesas :P(não é que tenha alguma coisa em contra mas nao é do meu gosto pessoal). As novelas brasileiras, referindo-me em concreto a "Páginas da Vida", tem um elenco fabuloso e um guião escrito por Manoel Carlos que não deixa ninguem indiferente, focando-se nos problemas actuais da sociedade brasileira e em geral. São problemas que afectam muitos de nós e são ilustrados com casos reais, para que se possa ver que eles existem e estão lá, ao contrário dos problemas da Maria Laurinda (a cobra, de tempo de viver), que não possam de futilidades e penso que nada ensinam a alguém. Acho que não preciso de dizer mais nada em relação às novelas brasileiras...Um beijo meu amigo, da tua amiga

Anónimo disse...

Não sei se estamos a falar de um carácter pedagógico ou mais de um fenómeno de identificação. Na verdade, para os brasileiros, até pode ter esse propósito. Uma vez vi um programa sobre os canais e produções brasileiros em que referiam que o grande objectivo da televisão, para além do entretenimento, era o pedagógico. Aproveitam-se até os anúncios para fins como a saúde pública e educação (como colocar uma fralda num bebé).
No nosso caso, para além de realmente ter o seu âmbito pedagógico, as novelas produzem muito nas pessoas que as vêm um sentimento de identificação. Ou seja, as pessoas encontram num dado personagem ou até mesmo situação/vivência um ponto em comum com as suas vidas, e que de certa forma as faz re'viver' a situação do mesmo ou de modo distinto. Assim vive-se através da novela muitas alegrias e tristezas, mas de forma segura e protegida, com mais fantasia e optimisto, ajudando a pessoa a sentir-se menos só e mais compreendida.
Penso que tem os seus contributos num crescimento pessoal seguro, através do que é vivido pelos outros, mas pensado por cada pessoa que vê.

Anónimo disse...

Bem a pedido de muitas famílias, na verdade a pedido da causa primeira deste post, volto porque ao que parece não cheguei a comentar as novelas portuguesas.

Pois é, penso que esse desleixo por si só justifica "todo o carinho e boa opinião" que tenho acerca das mesmas. e podia ficar por aqui.

Não nego que exista uma evolução nas produções portuguesas, reconheco, mas na verdade elas não conseguem me captar a atenção.

Acho os dramas muito semelhantes e transmitidos com muito pouco sentimento e realismo. Temáticas fúteis, absolutamente desinteressantes, pouco construtivas e que se pretendem fazer o relato da nossa sociedade, então aí temos de ao menos aprender com elas e começar a mudar. Porque o retrato é muito mau e em nada beneficia a educação das gerações mais jovens.

Pronto não gosto mesmo.

Dona Barbatana disse...

Fico muito satisfeito por um post deste género conseguir cativar, tantas e interessadas opiniões.
Mas, meu caro anónimo e caro arwen, vejamos que o Brasil tem milhões de habitantes, não é com uma simples campanha x, que chegam a toda a população. Recorrem então aos programas mais vistos, quer para divulgar campanhas, quer para sensiblizar a população para causas nobres ou problemas do dia-a-dia.
Depois, a televisão no Brasil vive das novelas, aliás as novelas devem dar emprego a uma boa parte da sociedade brasileira. As novelas são um indústria, com um dimensão completamente diferente da nossa. Por isso, não devemos estar a comparar umas e outras.
Mas também concordo que o objectivo primordial é o de entreternimento e só depois vem o pedagógico e este último, existe para que não digam que as novelas são isto ou aquilo, detsa forma têm uma razão para existir.
Depois de tudo isto, existe outro problema para o português, o que é bom são as coisas dos outros, devemos ser assim em tudo e por isso também negamos as nossas novelas.
Embora esse facto pareçe estar em desuso, visto as audiências e a aposta na ficção nacional.
Por último, frisar uma ideia que existente num comentário, cada pessoa deve pensar por si e não pelo que vê. Eu não podia estar mais de acordo. E já agora, dêem uma oportunidade à Maria Laurinda:)